Pular para o conteúdo principal

A mulher samaritana

Uma reflexão sobre os aspectos exteriores e a essência da adoração
Jesus vivia cercado pelas multidões, mas demonstrou o valor especial do indivíduo quando conversou com Nicodemos (João 3) e com a mulher samaritana (João 4). Temos ali representados dois tipos de pessoas: o doutor, líder religioso, membro da elite e uma mulher desprezada pela sociedade. O Senhor valoriza a cada um e deseja salvar a todos, pois todas as almas são iguais perante ele. Não basta que estejamos no meio da multidão. Cada um de nós precisa ter um encontro particular com Jesus e um compromisso pessoal com ele.
O Mestre jamais deixaria de pregar em algum lugar por serem poucos os seus ouvintes. Naquelas conversas individuais, Jesus transmitiu valiosos ensinamentos sobre o novo nascimento e a verdadeira adoração. A mulher samaritana demonstrava apego ao passado, às tradições religiosas e ao legado de personagens históricos. Suas palavras enfatizavam Jacó e o antigo poço, o monte Gerisim, a cidade de Jerusalém e a água natural.  Além disso, estava preocupada com os aspectos exteriores da adoração.
Jesus passou a apresentar algo totalmente novo. Ela precisava deixar para trás o pai Jacó e olhar para Cristo; deixar a água natural e receber a água viva; desprender-se do local da adoração e passar a adorar em espírito e em verdade, e isto seria um novo modo de vida. Ela precisava se libertar do passado e enxergar o presente glorioso que acontecia diante dos seus olhos, o qual poderia lhe oferecer um futuro feliz.
De imediato, Jesus mandou que ela chamasse seu marido. Começava então o desvendamento da vida infeliz e irregular daquela mulher. Por que Cristo não iniciou logo seu ensinamento sobre a adoração em espírito e em verdade? Porque ele viu o modo de vida daquela mulher. Antes de tudo, Deus examina a vida dos adoradores. Cultos maravilhosos ou grandes ofertas financeiras não substituem uma vida correta diante de Deus.
A mulher precisava conhecer o Senhor Jesus e comprometer-se com ele.  Em pouco tempo, aconteceu grande progresso em seu conhecimento espiritual. De imediato, ela percebeu que Jesus era um judeu; porém, diferente dos demais (v.9). Depois, desconfiou que ele pudesse ser maior que o pai Jacó (v.12).  Um pouco adiante, reconheceu que ele era profeta (v.19) e, finalmente creu que, diante dela, estava o Cristo, ou seja, o Messias, o Salvador prometido. Foi um crescimento rápido, e precisava ser assim. Afinal, aquela poderia ser sua única oportunidade de ver o Senhor.
A maioria das pessoas acredita que Jesus veio ao mundo, foi um grande mestre, mas enquanto não crerem nele como Salvador, sua fé incompleta será inútil.
Enquanto a mulher samaritana estava preocupada com o local correto para a adoração, não percebia que aquele lugar, ao lado do poço, era o mais glorioso, porque ali estava o Senhor Jesus Cristo. Nós nos reunimos em templos para a realização de cultos, mas sabemos que o mais importante é a presença do Senhor conosco, onde quer que estejamos.
O lugar da adoração continua sendo um problema com repercussão mundial. Os samaritanos ainda existem e continuam cultuando a Deus no monte Gerisim onde, conforme creem, Abraão teria levado Isaque para o sacrifício. Por outro lado, em Jerusalém, os muçulmanos dominam o alto do monte Moriá, onde afirmam que Abraão levou Ismael para ser sacrificado. A bíblia, porém, nos diz que, naquele local, Abraão esteve prestes a matar seu filho Isaque e ali foi, depois, construído o templo de Salomão. Por esta razão, o local é sagrado também para os judeus, embora não possam pisar naquele espaço. No dia em que o primeiro ministro de Israel entrou na área do templo, teve início a segunda intifada, que foi a revolta dos palestinos contra os judeus. O conflito durou cerca de seis anos, causando a morte de quase 5000 pessoas.
É grande a discórdia em torno do local do culto, mas a essência da adoração é um estilo de vida e não apenas a realização de rituais. Adorar a Deus é servi-lo em tudo. Na parábola do bom samaritano (Lc 10), Jesus falou sobre um sacerdote e um levita que não socorreram o homem caído à beira do caminho. Aqueles personagens já haviam cumprido suas obrigações religiosas no templo em Jerusalém, mas falharam em seu modo de vida. O bom samaritano, que não podia entrar no templo, exerceu o amor ao próximo no meio da estrada. A questão da adoração pode ser ilustrada pela relação conjugal. Podemos usar a palavra “casamento” como referência a uma cerimônia religiosa. Sabemos, porém, que casamento é muito mais do que isto. É um modo de vida que envolve os casados em todas as horas, todos os dias e todos os lugares. O mesmo acontece com a adoração.
No texto de João 4, temos a proposta de Jesus e a resposta da mulher.  Ele disse: “Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias e ele te daria água viva” (v.10). E a mulher respondeu: “Senhor, dá-me dessa água” (v.15).  Ela não poderia adiar sua decisão, não poderia deixar a resposta para outro dia. Assim também, não podemos deixar para depois nossa decisão de seguir a Jesus. Também não podemos dar a resposta errada. O que responderemos a Deus hoje?  “Senhor, dá-me a água viva”.
Embora tenha tocado no problema familiar daquela mulher, Jesus não transformou aquele encontro em uma sessão de aconselhamento sentimental, mas focalizou a questão espiritual. É verdade que existem muitos problemas em nossas vidas que demandam uma solução, mas não podemos perder o foco, esquecendo-nos de que o principal problema humano é espiritual, é o pecado, a separação entre o homem e Deus e a consequente perdição eterna.
O aconselhamento sentimental, financeiro, profissional ou familiar tem o seu lugar, mas não podemos pensar que esta seja a essência do evangelho. O problema espiritual precisa ser resolvido e, depois, as demais questões poderão receber a devida atenção.
A mulher conhecia bem a água que brotava da terra, mas Jesus lhe ofereceu a água do céu. Ela vinha diariamente e olhava para o fundo daquele poço, mas Jesus queria que ela olhasse para cima. Muitos poços têm ocupado o lugar de Deus na vida das pessoas. São muitas fontes naturais e mundanas que pretendem saciar a sede espiritual do homem, mas isto não é possível. Clame ao Senhor Jesus para que ele lhe dê a água viva que é a sua presença em seu coração. Se você já recebeu o Senhor, não volte aos poços deste mundo. A fonte divina é inesgotável. Se pouco bebemos, é porque pouco temos buscado. Busquemos ao Senhor, pois ele nos diz:
“Aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte que jorre para a vida eterna” (João 4.14).
 Pr.Anísio Renato de Andrade

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Um perfume de aprovação "E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam." (Atos 16.25.) O capítulo 16 de Atos, mostra Paulo tendo uma visão (v.9) que o levou a concluir que Deus desejava usá-lo na Macedônia. Ele e Silas em obediência para lá partiram e durante o tempo em que lá estiveram se dedicaram a oração, pregação do evangelho e batismos (v.13-15). E ainda libertaram uma jovem (v. 16-23) de espírito de adivinhação. Este bem realizado gerou ira naqueles exploradores e o resultado foi Paulo e Silas sendo presos (v.16-23). Prisão é uma palavra que eu resumiria em: um lugar (ou situação) que dificulta a movimentação e de onde não conseguimos sair sozinhos. Você se encaixa nisto? Você está em uma prisão? A Bíblia traz muitas promessas. Uma delas é que neste mundo passaríamos por aflições (Jo 16.33). Entretanto, é melhor que soframos fazendo a vontade de Deus (1Pe 3.17). Paulo e Silas estavam totalmente no centro da vonta...
Aceite o Convite de Deus Eu [o Senhor] instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho. (Salmos 32.8) O diabo quer nos conservar como cristãos sujeitos ao legalismo. Se ele não puder nos condenar pelo que fazemos, tentará nos atormentar pelo que não fazemos. Ele quer que nos sintamos culpados quando não lemos a Bíblia e oramos, sugerindo que Deus não se agradou de nós e que deve estar furioso conosco pelo que não fizemos. Deus nunca nos condena por não sermos disciplinados, mas amorosamente nos convida a passar tempo na presença dEle. O céu está disponível a nós simplesmente por confiarmos em Jesus, mas a vida abençoada é desfrutada quando agimos da forma que Jesus age. Deveríamos querer ler a Palavra porque ela tem a chave para conhecermos a Deus intimamente e desfrutá-lo plenamente.
“Prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.   Filipenses 3.14 Deus já lhe pediu para fazer algo, e você ainda não o fez, mas pretende fazê-lo em um dado momento? E este momento ainda não chegou? Boa intenção não é a mesma coisa que obediência. Você está em desobediência até que tome a atitude de fazer o que Deus mandou. Eu lhe encorajo a começar mover-se na direção correta. Comece a orar por sua visão. Se você não tem uma ainda, ore por uma e durante este tempo se associe com uma pessoa que de fato tenha uma visão. Fique perto de um visionário e você se tornará um também. Comece a se mover em uma direção positiva. Fale positivamente sobre sua vida e sobre você mesmo; creia que Deus pode usar você. Fique animado! É bem melhor do ficar chateado. Se Deus te deu uma visão, você precisa ter compromisso para fazer com que esta visão se torne realidade através da liderança do Espírito Santo. Estabeleça alvos de curto e longo prazo. Depois pr...